Madrigal

Madrigal
"Para os amantes do puro néctar da existência,
que são as palavras, melodias, a oração que eleva o espírito."

Marcos Pedini

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A bicicleta amarela




Quando criança, eu tinha uma bicicleta amarela,
não amarela de nascença,
meu pai que pintou.
Ele dizia:
" pra combinar com a tua alegria "
pois todas a s coisas belas, 
eram amarelas,
o canário, o caju, a manga rosa,
a luz do dia!!!!
O ouro, o sol e a ventania...
Não sei que fim levou 
a minha bicicleta amarela...

Mariza Alencastro

Êxtase

Vladimir Volegov
Ficar assim suspensa ouvindo o oceano 
o vai e vem ritmado das ondas
em dueto com o canto triste das gaivotas
ficar assim... entre o céu e o mar profundo
como se nada mais existisse
nesse mundo...

£una

Amor incerto


esse nosso amor incerto
podia ter dado certo
se eu não fosse tão carente
e vc tão displicente
se eu fosse um tango argentino
e voce um violino
tocando sempre em surdina
cada dia numa esquina...

£una


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Passagem para as nuvens

Comprei uma passagem para as nuvens
com direito a duas asas prateadas
e um vestido dourado de cetim
meu voo é amanhã ao pôr do sol
minha bagagem são mudas do jardim.

£UNA

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Haicai

O luar de agôsto
se chega na noite escura
pra olhar teu rosto

£UNA

Haicai

O vento espalhou
folhas mortas da roseira
que o verão queimou...

£una

Memórias


Vagam minhas memórias, soltas
nos caminhos a desfrutar do vento
e ao desfolhar das árvores
cansadas... derreadas sobre os muros
de tijolos carcomidos.
Vagam minhas memórias,
alheias ao passante inexpressivo
e ao pássaro aturdido em busca
do ninho perdido.
Memórias que vagueiam, onde andará,
em que viela antiga, em qual esquina,
em que sítio batido de luar,
o fio que conduz à harmonia
no  frio silencio dessa poesia?

Mariza Alencastro

Primavera

Setembro passeia pelos campos
como fada madrinha com sua varinha
a cada toque uma nova cor, uma pétala de flor
um rosa inesperado, um verde adocicado.
Salamandras lilases e duendes verdes.
giram ao redor das fogueiras

Tudo na mata é louca sinfonia.

Passeia setembro pelos campos
acorda os roseirais e as açucenas
os grilos, os besouros,e as quimeras
tecem no ar de renda ... a primavera.

£una

poemeto

Nos verões da minha infância
todas as tardes cheiravam
a flor de laranjeira....

£una

Gosto das minhas coisas


Eu gosto das minhas coisas
do jeito que elas são.
Uma concha quebrada 
uma boneca sem cabelo
xicaras sem asa ou com beirinha partida;
um urso velho sem pelo,
um quadro sem moldura
pendurado assim meio de banda
na parede descascada.
vidros vazios de perfume
mas que ainda perfumam o ar
um cesto de vime, uma escada
que não leva a nenhum lugar...


£una

Arco-íris


"...Hão de passar por mim todos os anjos
todos os sinos hão de repicar
e na hora precisa da passagem
o arco-íris se abrirá..."

£una

Estrela do Mar

Ontem de tarde na praia
Tu me pediste uma estrela
Não uma estrela do céu
Mas uma estrela do mar
Eu mergulhei bem no fundo
E trouxe pra te encantar
A mais linda estrela viva
que consegui encontrar...

£una

O sótão

eu já morei num sótão
eu, um coelho e um beija-flor.
Era incrível abrir a janela de manhã
e encontrar plumas de passarinho
mariposas...restos de ninho
asas de borboletas
ou um pombo adormecido
num vaso de violetas.

£una

Faz de conta

A pascoa vem aí
mamãe com certeza vai me dar 
bonequinhas que falam e tomam banho.
Papai vai comprar um ovo
deeeeeeeeeste tamanho,
e eu vou ficar com uma baita dor de barriga!!!!
Mas eu queria outras coisas,
queria uma varinha de condão
igual da fada madrinha;
ou ficar pequenininha como a Laura Jane
e entrar no castelo das bonecas
para brincar de casinha.
Queria amigos secretos, pois os de verdade
são muito chatos e rabugentos.
Também queria uma bolsa igual à da Juliana,
uma bolsa sem fundo,
onde coubessem todos os sonhos do mundo!!!
Já sei o que vão vão dizer....mas que menina mais tonta!

Fazer o que?
Prefiro mesmo o Mundo de Faz de Conta...

Mariza Alencastro

A bolsa de Juliana


Juliana tem uma bolsa de prata
sem fundo
cabe tudo na bolsa de Juliana
caracóis, cogumelos, violetas,
raios de luar
asas de borboleta
e plumas de passarinho
que ela encontra pelo caminho
Na bolsa de prata de Juliana
há dois corações de anjo
e três suspiros de fada.

£UNA

Passagem para as nuvens

Comprei uma passagem para as nuvens
com direito a duas asas prateadas
e um vestido dourado de cetim
meu voo é amanhã ao por do sol
minha bagagem são mudas do jardim.

£UNA

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vem comigo olhar a lua

Tela de Dianne Leonard
Há uma lua lá fora, cheia, cheia
 pios  de coruja e grilos na areia
 uma fogueira nos espera na montanha
vem comigo olhar a lua
dançar ao redor do fogo
caçar  vagalumes ao relento
e ouvir a voz noturna do vento...
£una

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O vento e a areia


Na praia deserta e fria 
o vento ondula e alisa a areia
tráz do mar a agua salgada
e molha seus flancos ressequidos.
Depois se deita sobre seu corpo umido
rendilhado de espumas
e a ama
profundamente
como um amante cheio de segredos.....

Mariza Alencastro

A menina na praia

Eu era aquela menina que ficou na praia
os olhos perdidos como algas verdes
um baldinho e um punhado de espuma
pra construir seu castelo de areia..
£una

Não é lá fora

Tela de Michael Garmash

 Não é lá fora que está o nosso destino
é dentro de nós, onde quer que estejamos.
e as ilusões que perdemos pelo caminho
não voltam jamais...

£una

Tua imagem



Na mágica beleza desse instante
Imensamente clara e cheia...a lua
Vem passear a sua plenitude
Ao redor da perfeita imagem tua....

£una

Catando conchas do mar.

Tela de Dianne Leonard
Andar descalça na areia
pisando estrelas do mar
colher flores na campina
de onde vejo a lua cheia
navegando pelo ar...

Recompor as minhas asas
como gaivota perdida
num ninho de andorinha
que em plena brisa marinha
perdeu o dom de voar...

Andar descalça na areia
na tarde branda e serena
catando conchas do mar...

Mariza Alencastro

Devaneios


Vesti meu sorriso mais bonito
e prendi o cabelo com duas estrelas...

Não era hora de devaneios nem delírios
mas o vento me chamava com promessas 
de rendas e luares
sobre a areia molhada da chuva.

O silêncio das eras bailava nas folhagens
densas das palmeiras...e o ar da noite
seguia seu tépido esvoaçar de dedos azuis.

Terno era o murmúrio das ondas
entrecortadas pelo alvoroço das gaivotas.
E doce... muito doce ...era viver assim,
suspensa entre as estrelas e o profundo azul do mar...

Mariza Alencastro

Um certo olhar

Tela de Andrei Markin
um certo olhar existe
um quê de sedução na
pupila asustada onde a luz
teme se envolver.
O brusco movimento da gazela
na hora do tiro.
O medo.
O espanto atravessado
de espessas neblinas.
nas areias.
E o olhar se furta,
se comove, se esvanece
na sombra a se mover
o rio acima

apenas um olhar...

£una

Quando a magia terminar

Tela de Galina Kazakova
Quando a magia desse amor que temos
Se gastar, e o sonho arrefecido se perder
Na voraz indiferença dos instantes
Sem lágrima, sem dor, sem esperança,
Voltaremos talvez ao ninho antigo
E esse amor ficará só na lembrança.

£una

Manhã clara

a manhã clara despertando na montanha
com seus cabelos luzidios e molhados de orvalho
se estende ao sol que lhe doura os fios de seda
das ultimas neblinas espargidas no horizonte
É esta manhã clara de uma primavera que ainda dorme
no seio frio da terra a espera do tempo que a florescerá.

Mariza Alencastro

Que o mar me leve

Deixarei que o mar me leve docemente
E entrarei pelas ondas a cavalgar a espuma
Sob o olhar de uma lua indiferente.

£una

Silencio

Tela de Andrei Markin
Livra -me desses pássaros
que circulam no meu pensamento
e não te rias da minha loucura
quero esquecer tua face de argila
antes que a neve derreta nos píncaros
da minha solidão,e o meu rio se extravie
pelas montanhas inertes.
Não te rias, não me deixes na noite escura
onde os ventos passam cortantes como 
facas amoladas na pedra.
Ouve o bramido das searas e das velhas 
catacumbas soterradas...
ouve os meus ais
ouve a minha voz que vem de longe
de muito longe
de um silêncio onde o amor não mora mais.

Mariza Alencastro

Premonição

Não sei bem oq procurava
tudo era tão confuso e improvavel
como os sapatos obscuros das velhas senhoras
sentadas ao pé do fogo, tecendo, tecendo,
as mãos calosas e treinadas nas agulhas
com seus novelos emaranhados
pelas patas dos gatos.
Não sei se era a ventania lá fora
ou um gemido de fantasmas no porão
só sei que os cavalos se soltaram,derrubaram
a porteira e se foram na escuridão...

Mariza Alencastro

Outono dourado

na tarde desse outono dourado
quando o dia finda
meio dependurado
em farrapos de nuvens lavadas
e pássaros 
esvoaçam na palma do vento
uma rosa se recolhe na haste tremula
e corre um rio de estrelas pelo chão
andorinhas no fio da calçada
calam, e esperam a vinda da lua cheia...

£una

Nada restou


E tudo passou
o vento que leva tudo, tudo levou
nossas lembranças antigas
nossas palavras amigas...
nada restou do amor....

Minha saudade ficou bailando no ar
como uma folha de outono
e um som plangente de violinos.

Minha saudade é da cor dos sinos...

Mariza Alencastro

Maio

Maio que acalanta 
Maio que rebrilha no céu azul
de aço e imensidão.
Maio que vem com frio
e madrugadas solitárias.
Maio das mães, 
das noivas,
do perfume de açucenas,
do outono que vai a meio...
Maio das tardes antigas
ladainhas na capela
e doces noites serenas...

£una

Noite no Cais

Tela de Vicente Romero Redondo

A tarde se move mansamente sobre os telhados

olha furtiva e escorre pelos beirais
se derramando sobre a areia umida.

Sopra a espuma da onda
e mergulha decidida nas aguas ;
então o céu se fecha no horizonte,
e a noite desce no cais....

£una

Dois pássaros

Tela de Dianne Leonard

"A dor e a saudade
são dois pássaros em voo
tentando alcançar o galho mais alto
do esquecimento..."

Mariza Alencastro

Novo dia

desce a manhã clara e prateada
arrastando as rendas
do seu longo véu da madrugada
rasgado de estrelas.
Fina neblina escorre das montanhas
sacudidas pelo alvorôço da passarada
Ao longe um galo canta e anuncia
é outra vez um novo dia...

£una

Saudade


Minha saudade cresce em disparada
e há assomos de repentina tristeza
quebrada e partida em ínfimos pedaços.

Tão longe vais e esta solidão
passeia oelos campos espargindo
o silêncio dos meus ais.

Debruça-se a tarde numa hora vazia,
mora em meu sonho leve ponta de melancolia.

Mariza Alencastro

Dia Blue


Dia blue
Dia bruma
Dia névoa
Dia frio
Agua nas pedras
Agua pingando
vidraça molhada
Dia ruim
Dia sem nada
Dia blue
céu sem estrela
Negro
Riscado
De raios 
E fios
Da madrugada
£una

Essa doeeeu



Dancei a dança da chuva
E não choveu.
Te pedi um beijo
E voce não deu.
Pedi um abraço
Voce correu...
Achei um brilhante
Que nao era meu.
Procurei o meu barco,
Desapareceu!
Clamei por um anjo,
não apareceu...
Sentei na estrada
E chorei,
...essa doeeeeeuuu

£una

Colcha de retalhos


Qual colcha de retalhos
Minha vida,
Fui juntando os pedaços,
Costurando...
Um veludo...uma renda,
Um pouco de cetim,
Um paetê brilhando
Ou coisa assim...
As vezes uma nesga de algodão,
Um cânhamo puído
Se esgarçando...
E um resto que sobrou da fantasia
De arlequim... 

£una

Vendaval



barco solto no vendaval
o mastro erguido, vela se enfuna
na amurada uma onda se levanta
barlavento... sotavento...
no ar um colar de espuma
varre o convés, solta o vento
balança o barco, recolhe a vela
marinheito...marinheiro,
pega o leme marinheiro
lá longe o cais esperando
deliram os céus e mares
marinheiro não tem pressa,
a morte está espreitando.

Uma voz o chama...no fundo do oceano 

Mariza Alencastro
(£una)

Outono


caqui maduro, carambolas
passarinhos cantando na goiabeira
um pé de manga dourado,
um riacho...uma ribeira
uma rede balançando
uma tarde alvissareira
cheiro de mato molhado
é o outono se chegando...

£una

Calmaria

Era um dia claro de verão,

fazia tanto sol e tanta poeira
brilhando como purpurina
em plena calmaria...

que lembrei-me das nuvens grávidas
que o vento empurrava sobre a areia
e bania para os lados do mar.

Lembrei-me dos barcos temerários
que partiram na madrugada,
e talvez não consigam voltar...

£una

Praia deserta

Minha alma ficou ali naquela praia
deserta e antiga,
onde jazem os escombros dos barcos
naufragados
e os lamentos das mulheres que perderam
seus homens no mar.
Ali naquela canto batido de ventos,
carcaças e moluscos na areia,
a minha alma vagueia
entre a bruma e a penumbra do luar...

Mariza Alencastro

Onde está meu coração

meu coração nasceu aqui
junto ao mar
ao pé do rochedo incrustado de mariscos

Meu berço foi essa areia imensa
onde eu adormecia ouvindo o canto das sereias
e o apito do navios ao longe. 
Aqui cresceu meu coração, sem guitarras e pardais
só o doce marulhar das ondas,
e o alvoroço das gaivotas sobrevoando
a espuma branca que bordava a areia.

quando eu morrer, não me levem a outro lugar
que meu coração repouse no fundo do mar.

Mariza Alencastro

Maresia II

"Estrelas piscam sonolentas
enquanto os peixes se agitam nas ondas,
as belas espáduas prateadas ao luar,
o som da água batendo nos rochedos,
e aquele impressionante cheiro de mar...."

£una

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ilusão

Tela de Daniel F.Gerhartz
Serão teus os caminhos pressentidos
pela ondas do cálido verão.
Dormentes são as horas quando
em vão,
te espero na poeira das estradas
o sol dedilhando a cabeleira
dos salgueiros
e minha alma cansada.
Serão tuas as formas das areias
que o vento modelou na noite escura
enquanto eu te esperava em vão
pelas estrelas...

£una

poetrix


Num canto do jardim
a rosa namora
com o jasmim

£una

Aromas


tens o cheiro do dia quando amanhece
cheiro de passarinho molhado,
de pão assando no forno
e café torrado.

Sei quando chegas sorrindo,
na boca um beijo de hortelã,
no olhar o dia se abrindo.

Trazes o sol no sorriso
e o gosto agridoce da manhã ...

£una

Primavera

tempo de sementes q desabrocham
e flores que explodem no jardim
tempo de beijos roubados nas tardes mornas
e cheiros de alecrim

£una

Primavera

Setembro passeia pelos campos
acorda os roseirais e as açucenas
os grilos, os bezouros,e as quimeras
tecem no ar de renda ... a primavera.

Mariza Alencastro