Madrigal

Madrigal
"Para os amantes do puro néctar da existência,
que são as palavras, melodias, a oração que eleva o espírito."

Marcos Pedini

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O que é preciso?



O que é preciso?

redesenhar-se....a cada dia

a vida não perdoa a apatia

é preciso atravessar o deserto,

e sair à procura

buscar o sal...beber na fonte da loucura

"Mariza Alencastro"

Teu beijo

Eis-me aqui na fria madrugada
A espera que o dia amanheça
E me traga o teu sorriso de maçã dourada
e o beijo doce da tua boca fresca
De flor orvalhada e colhida
na brisa do campo
Para a minha boca...

Mariza Alencastro

Sem sentido

não há sentido na vida
se vc passa sem ter sentido
a dor de um amor dilacerado
o parto de um filho,
a cegueira da paixão.
Não há sentido na vida,
se ela é toda cor-de-rosa.
faiscante, luminosa.
arrumadinha...
para viver algo profundo
que te dê o direito de chamar de vida
tem que encarar o mundo,
matar a fera de cada dia

Mariza Alencastro

Sal e sangue



desci ao mar, em sua escura teia

de grutas e cavernas esquecidas

senti seu palpitar de transe em minha veia

com o gosto das noites possuídas

de sal e sangue sobre a branca areia.



Mariza Alencastro

Vontade de...

passear com você na longa estrada
ladeada de pinheiros e horizontes
sentir o vento em louca disparada
levar as nuvens por detrás dos montes

colher todas as flores do caminho
todas os pinhos , todas as amoras
mudar de rumo, refazer o ninho
trocar um pôr de sol por uma aurora... 

passear com você bem distraída
por uma tarde ou toda a minha vida...

Mariza Alencastro

domingo, 26 de dezembro de 2010

Eu não queria...


Eu não queria que fosse assim
que tu tivesses esses olhos castanhos
e esse sorriso
que parece um desenho
que mal cabe no teu rosto.
Eu não queria me apaixonar...

Mariza Alencastro

O dia de hoje

Tela de Alaya Gadeh
Doce de carambola,
suco de tamarindo
um raminho de alecrim.
flores do campo se abrindo
e um vaso de beijo na janela
que você deixou pra mim...

Mariza Alencastro

Só o vento

No sussurro das marés ouço tua voz
a me chamar
entrecortada de ventos.
crispada dos lilases do poente
e coroada da espuma verde da saudade.
Abro os braços com desejo, 
mas só o vento me invade...

Mariza Alencastro

Algodão doce

Comprei algodão-doce
cor-de-rosa
pra combinar com teu sorriso
todo prosa

Mariza Alencastro

O sonho na bolha


eu tive um sonho que voou na bolha
na bolha de sabão
na bolha lilás com cheiro de alfazema
voou meu sonho
voou bem alto
num céu de puro cobalto
meio Césanne, meio Monet
com nuvenzinhas formando bouquet
meu sonho cresceu...cresceu...
quis ser estrela dentro da bolha
quis ser estrada, quis ser cometa
quis ser planeta na imensidão
mas era só um sonho sozinho
dentro de uma bolha de sabão...

Mariza Alencastro

Fantasia

Na minha rua há uma casa que canta
e junto à porta, um vaso de petunias
que toca violino divinamente.
No jardim as árvores dançam uma valsa,
e um duende verde fica na entrada cobrando os ingressos.
Mas ninguém acredita...

Mariza Alencastro

domingo, 19 de dezembro de 2010

De repente num verão


Tela de Steven Hanks
De repente, num daqueles verões alucinantes,
 acontecera-lhe o amor.
Ele chegara desinibido, o sorriso solto, gestos largos
e uma segurança no olhar que logo lhe chamou a atenção.
Verdes.
Eram verdes os olhos faiscando naquela morenice
de quem vive ao sol e tinha cheiro de mar.
-Pois não, ela balbuciara.
O que deseja?
Ele queria um tecido de cetim para uma fantasia de palhaço,
um branco de  bolas coloridas que estava na vitrine....mas
de imediato o mundo parou...a loja encolheu, o sorriso estancou
e a sua vida nunca mais foi a mesma


Mariza Alencastro

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Saudades

Tela de Heidi Presse
Minha saudade cresce em disparada
e há assomos de repentina tristeza
quebrada e partida em ínfimos pedaços.

Tão longe vais e esta solidão
passeia oelos campos espargindo
o silêncio dos meus ais.

Debruça-se a tarde numa hora vazia,
mora em meu sonho leve ponta de melancolia.

£una

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Perenidade

Tela de Heidi Presse
amanhã...sim amanhã
será diferente
porque será um outro dia
mesmo que atravesse a mesma claridade
o mesmo frescor balançando os ingazeiros
amanhã é o dia que hoje não pode ser
e estarei descansada, descascando as batatas
as lágrimas secadas no brim do avental
e o dia lá fora batendo palmas
porque tudo, apesar de tudo, começa novamente

Mariza Alencastro

A beleza....

Não....a beleza não estava no poente
nem na rocha batida pelo mar,
ou no esplendor do sol que naufragava
a beleza....amor...a beleza
estava no teu olhar ...


mariza Alencastro

Cotidiano

Tela de Michael Garmash
Cotidiano

Já troquei os lençóis
e pus água fresca na moringa
já já o sol desponta
e vem sentar-se aqui
na minha cozinha
bem do meu lado
tomar um café com leite
e reclamar da chuva que ontem caiu...


Mariza Alencastro

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Murmúrios


Há murmúrios atravessando o dia
murmúrios e sons....e cheiros
cheiros vermelhos de cerejas maduras
e o crepitar do fogo assando o trigo.
e há um sorriso que chegou na janela
como um pequeno sol, uma flor amarela.

Mariza Alencastro

Sem medidas

Tela de celito Medeiros
é certo que te amei
talvez um pouco desmedidamente
e contornamos poentes incendiados
envoltos em papeis de puro celofane.
é certo....é certo que não podia dar certo,
não com esses meus olhos cegos de esperança
a confundir os teus com pirilampos
ou esse meu barco de velas rôtas arriadas
teimando em navegar no mar aberto.
é certo que te amei, e quixotescamente
confundi os moinhos, os ventos , a folhagem
e as areias do deserto.


Mariza Alencastro

Solidão


Solidão...

No meu quarto
entre as quatro paredes
vaga uma solidão
que vai do teto ao chão

Mariza Alencastro

Ouço o mar

No sussurro das marés ouço tua voz
a me chamar
entrecortada de ventos.
crispada dos lilases do poente
e coroada da espuma verde da saudade.
Abro os braços com desejo, 
mas só o vento me invade...

Mariza Alencastro

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A barca Azul

River Yang Tse - passage - Tela de H.Leung

Barca azul

A barca azul dos sonhos passa ainda
o casco prateado refletindo o luar
sobre as espumas.
Passa cheia de sonhos e a noite infinda
borda estrelas azuis no negro mar
de brumas...


£una

Rosa fingida

Tela de Celito Medeiros
havia uma rosa que me secou no peito
e espalhou seu cheiro de rosa morta
por todas as minhas veias
não era uma rosa fresca nem perfumada,
era só de faz de conta
era uma rosa que fingia...


mariza alencastro

sábado, 4 de dezembro de 2010

Que mais eu te posso dar?

Trago-te um ramo de rosas
e um pote de framboesas.
Um pôr-do- sol depois da chuva
junto com as minhas tristezas.

Que mais eu te posso dar?

Dou-te a relva da campina
ainda fresca e orvalhada.
Te trago a primeira estrela
que nascer na madrugada.

Que mais eu te posso dar?

Dou-te uma salva de prata
cheia de conchas do mar;
um bando de borboletas
...ou um raio de luar?

Que mais eu te posso dar?

£una

Luar

Tela de Hélene beland

Luar

Criarei pra você num mar de espumas
Um leito de corais nas tardes quentes
Onde vento nenhum há de passar.

Te cobrirei com todas as estrelas
Dos cabelos das algas transparentes
Sob o manto lascivo do luar....

£una

quando eu ainda te sonhava

Tela de Michael Garmash
Quando

quando eu ainda te sonhava
sem saber a cor dos teus cabelos
ou o brilho azul céu do teu olhar
eras um sonho todo verde de algas
com gaivotas mergulhando na preamar
eras sonho...ou eras mar ?
não tinha contorno tua face de sombras
nem tua boca de espuma onde fiquei
beijando a areia
a inventar-te na manhã clara de abril.

Ah...quando eu ainda te sonhava
era teu gosto o sal na minha boca
e meu era o sorriso em tua face...


£una

Sagração da Primavera

SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA


Ela desce a colina vestida de cores,
pisando macio na relva das encostas.
O sol incendiando seus cabelos loiros,
arranca fagulhas multicores!

Fada rainha, deusa da floresta,
o canto das cigarras te anuncia ,
enchendo o ar de sons e de perfumes
e encantando de verdes, nossas vidas!

Venha moça, venha com seu manto
de jacintos bordado, rosas, margaridas.
coroar a paisagem com seu canto!

Venha no vento,ou nas asas da magia
e traz contigo o som das cachoeiras
que acende os girassois da fantasia



......By £una

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O sentido da vida

Tela de Joanna Harmon
como se não houvesse uma paz no fim de cada jornada
ou uma gota de orvalho em cada flr que desabrocha
como se fora tudo uma extensão da não existência
onde os sinos dobram e a alma se fortalece na sombra
dos salgueiros que se curvam
a cada madrugada...
Como se nao houvesse esperança,
e entre a cruz e a espada
cada anjo se despojaria de sua asa dourada
e pousaria na nuvem mais distante
Como se não houvesse o sentido de tudo
e a certeza do nada...

Mariza Alencastro



êxtase

Tela de Michael e Inessa Garmash
ÊXTASE

Ficar assim suspensa ouvindo o oceano
o vai e vem ritmado das ondas
em dueto com o canto triste das gaivotas
ficar assim... entre o céu e o mar profundo
como se nada mais existisse
nesse mundo...

£una

Fantasia

FANTASIA

De onde vinhas pela noite negra
pisando a areia macia da praia
envolto numa poeira de estrelas azuis?
Eu não sabia se eras real,
ou apenas um clamor da minha louca fantasia
ou um desejo aflito do coração despedaçado;
mas sei que vinhas e eu te via
e me chamavas com as ondas,
o sorriso aberto , as mãos estendidas,
as estrelas piscando ao teu redor
como pirilampos transparentes.
Não eras real, mas eu te via
e a brisa trazia teu cheiro de mar
teu sorriso de espuma, sal e areia.

E eu não resisti ao teu canto de sereia...


£una

Interlúdio


Interlúdio


"...Já é primavera,
mas desce a noite toda molhada
sobre as calçadas
vazias.
Não há estrelas nem luares,
só respingos de chuva
e ventanias..."


£una

A moça e o mar

Tela de Vladimir Volegov
A moça e o mar


vestida de azul
de azul e mar
o sol no cabelo
o céu no olhar
a moça bonita
que veio do sul
dançando no vento
bailando no ar.
pegou um barquinho
saiu pra pescar
levando uma fita
pra Yemanjá.
A moça bonita
não viu o tempo
o céu se fechando
a onda subindo,
o vento zunindo
a chuva caindo
o frágil barquinho
não pode remar.
A moça bonita
de olhar cor do céu
e sol no cabelo
perdeu-se no mar...



Mariza Alencastro ((£una))