Madrigal

Madrigal
"Para os amantes do puro néctar da existência,
que são as palavras, melodias, a oração que eleva o espírito."

Marcos Pedini

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Devaneios

Daniel F.Gehrartz


Vesti meu sorriso mais bonito
e prendi o cabelo com duas estrelas...

Não era hora de devaneios nem delírios
mas o vento me chamava com promessas
de rendas e luares
sobre a areia molhada da chuva.

O silêncio das eras bailava nas folhagens
densas das palmeiras...e o ar da noite
seguia seu tépido esvoaçar de dedos azuis.

Terno era o murmúrio das ondas
entrecortadas pelo alvoroço das gaivotas.
E doce... muito doce ...era viver assim,
suspensa entre as estrelas e o profundo azul do mar...

Mariza Alencastro

Um certo olhar

Tela de Sorolla
Um certo olhar existe
um quê de sedução na
pupila asustada onde a luz
teme se envolver.
O brusco movimento da gazela
na hora do tiro.
O medo.
O espanto atravessado
de espessas neblinas.
nas areias.
E o olhar se furta,
se comove, se esvanece
na sombra a se mover
o rio acima

apenas um olhar...

Mariza Alencastro

Vem do mar

Vem do mar esse gosto de poesia
trazido pelo vento nas areias
a embalar a clara luz do dia...

Mariza Alencastro

Silêncio

Romel De La Torre
Livra -me desses pássaros
que circulam no meu pensamento
e não te rias da minha loucura
quero esquecer tua face de argila
antes que a neve derreta nos píncaros
da minha solidão,e o meu rio se extravie
pelas montanhas inertes.
Não te rias, não me deixes na noite escura
onde os ventos passam cortantes como
facas amoladas na pedra.
Ouve o bramido das searas e das velhas
catacumbas soterradas...
ouve os meus ais
ouve a minha voz que vem de longe
de muito longe
de um silêncio onde o amor não mora mais.

Mariza Alencastro

sábado, 29 de outubro de 2011

Agosto

Pat Bannister
dê-me a neblina de agosto
e os ventos cortantes da invernada
a chuva que ameaça...a flor que se desfolha
ao sopro da geada
e te darei o amor-perfeito
aquele que floresce na campina
a poesia que renasce
e a neve que se esvai em transe
antes que chegue a primavera.

Mariza Alencastro

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Receita de amanhecer feliz

Uma aurora lavada de chuva
algumas estrelas sonolentas
ainda brilhando no azul matinal
café fresquinho, com açucar
flores orvalhadas na jarra
toalha de linho branco
colibris chegando
teu sorriso na janela
brilhando....brilhando...

Mariza Alencastro

sábado, 22 de outubro de 2011

Teu riso

Richard Jonhson
teu riso é uma cascata
borbulhante
no meio da floresta
é água fresca, é brisa leve
é um sopro de mar
em noites de verão
breve...breve...

Mariza Alencastro

Entardecer

Maxfield Parrish
Silêncio...apenas o canto da cotovia
e o coaxar dos sapos na beira do lago
sobre os pinheiros
o sol derramava suas ultimas
luzes douradas.

Mariza Alencastro

Escute à noite

Escute à noite, os acordes do universo,
eles tocam belas sinfonias
e conspiram sobre nossas vidas.
Escute, mas não interceda, apenas ore
você pode se surpreender...

Mariza Alencastro

Eu não queria...

Konstantin Razumov
Eu não queria que fosse assim
que você tivesse esses olhos castanhos
carentes e enamorados
e esse sorriso
que parece um desenho
que mal cabe no teu rosto.
Eu não queria me apaixonar...

Mariza Alencastro

Os cristais

Richard Johnson
Arranjo os cristais sobre a mesa
e entras com tua risada
que os faz tilintar
e tocam todos os sinhinhos de vento
e canta a passarada
as rosas se abrem, bebendo a madrugada
Pelo vidro da janela, curiosas
as estrelas vêm espiar
e sopra o vento... a brisa molhada
apaga a chama da lareira
não precisa...
teu olhar ilumina e acende todas as velas...

Mariza Alencastro
(£una)

Delicadeza

Mark Arian
Borde com delicadeza
o tecido que irá vestir
a sua vida...


Mariza Alencastro

segunda-feira, 20 de junho de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Areias do Tempo

Vejo escorrer entre meus dedos
as areias do tempo
as águas do mar
e até a luz das estrelas
o sonho....o sonho passa inexorável
pelas frestas da eternidade...
e nada nos pertence de fato
a não ser as nossas ilusões...

£UNA

terça-feira, 17 de maio de 2011

Saudade

Tela de An He
Minha saudade cresce em disparada
e há assomos de repentina tristeza
quebrada e partida em ínfimos pedaços.

Tão longe vais, e esta solidão
passeia pelos campos espargindo
o silêncio dos meus ais.

Debruça-se a tarde numa hora vazia
mora em meu sonho
leve ponta de melancolia...

Mariza Alencastro

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O que farei agora?

E agora que te fostes
que farei com essas mãos cheias de ternura
e esse desassossego no meu corpo?
e das noites enluaradas
a perguntarem por ti?
que farei dos dias vazios
e dos meus sentidos cheios de tua presença?
que farei do amor que transborda
e insiste em sobreviver?

Mariza Alencastro

A Realidade

A realidade rasgou todos os meus sonhos
e preciso costurá-los de novo
um a um

£UNA

Quero-te aqui

Não quero a tua sensatez
tampouco as tuas desculpas
nem quero tua saudade
quero teu regresso
quero-te aqui
o pessegueiro que plantaste
perfuma toda a casa
mas o vento só me traz notícias ruins
fala-me coisas que não quero ouvir...

Mariza Alencastro

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ruazinha

Tela de Allan Baxter
percorro distraída a ruazinha
de terra batida
onde morei um dia
a velha casa ainda está lá
coberta de hera
e as primaveras lilases
fazem muro no jardim...

£UNA

Nova esperança



habita o meu coração
um som que não escuto mais
de folhas secas pisadas 
e espaços inesgotavelmente cheios
somente ao longe
ouço um rumor acariciante
e meu coração suspira
é o canto dos rios que passam
murmurantes
carregando o lamento dos salgueiros
que choram à beira das águas.

habita o meu coração, nova esperança...

£UNA

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A beleza



___: ◦♥◦: ___



Não....
a beleza não estava no poente
nem na rocha batida pelo mar,
ou no esplendor do sol
que naufragava
a beleza....amor...a beleza
estava no teu olhar ...



£una

terça-feira, 3 de maio de 2011

Margarida

Tela de Monica Dalincourt

Chegou toda exibida
e arrancou pétala por pétala
a margarida...

LUNA

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A bicicleta amarela




Quando criança, eu tinha uma bicicleta amarela,
não amarela de nascença,
meu pai que pintou.
Ele dizia:
" pra combinar com a tua alegria "
pois todas a s coisas belas, 
eram amarelas,
o canário, o caju, a manga rosa,
a luz do dia!!!!
O ouro, o sol e a ventania...
Não sei que fim levou 
a minha bicicleta amarela...

Mariza Alencastro

Êxtase

Vladimir Volegov
Ficar assim suspensa ouvindo o oceano 
o vai e vem ritmado das ondas
em dueto com o canto triste das gaivotas
ficar assim... entre o céu e o mar profundo
como se nada mais existisse
nesse mundo...

£una

Amor incerto


esse nosso amor incerto
podia ter dado certo
se eu não fosse tão carente
e vc tão displicente
se eu fosse um tango argentino
e voce um violino
tocando sempre em surdina
cada dia numa esquina...

£una


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Passagem para as nuvens

Comprei uma passagem para as nuvens
com direito a duas asas prateadas
e um vestido dourado de cetim
meu voo é amanhã ao pôr do sol
minha bagagem são mudas do jardim.

£UNA

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Haicai

O luar de agôsto
se chega na noite escura
pra olhar teu rosto

£UNA

Haicai

O vento espalhou
folhas mortas da roseira
que o verão queimou...

£una

Memórias


Vagam minhas memórias, soltas
nos caminhos a desfrutar do vento
e ao desfolhar das árvores
cansadas... derreadas sobre os muros
de tijolos carcomidos.
Vagam minhas memórias,
alheias ao passante inexpressivo
e ao pássaro aturdido em busca
do ninho perdido.
Memórias que vagueiam, onde andará,
em que viela antiga, em qual esquina,
em que sítio batido de luar,
o fio que conduz à harmonia
no  frio silencio dessa poesia?

Mariza Alencastro

Primavera

Setembro passeia pelos campos
como fada madrinha com sua varinha
a cada toque uma nova cor, uma pétala de flor
um rosa inesperado, um verde adocicado.
Salamandras lilases e duendes verdes.
giram ao redor das fogueiras

Tudo na mata é louca sinfonia.

Passeia setembro pelos campos
acorda os roseirais e as açucenas
os grilos, os besouros,e as quimeras
tecem no ar de renda ... a primavera.

£una

poemeto

Nos verões da minha infância
todas as tardes cheiravam
a flor de laranjeira....

£una

Gosto das minhas coisas


Eu gosto das minhas coisas
do jeito que elas são.
Uma concha quebrada 
uma boneca sem cabelo
xicaras sem asa ou com beirinha partida;
um urso velho sem pelo,
um quadro sem moldura
pendurado assim meio de banda
na parede descascada.
vidros vazios de perfume
mas que ainda perfumam o ar
um cesto de vime, uma escada
que não leva a nenhum lugar...


£una

Arco-íris


"...Hão de passar por mim todos os anjos
todos os sinos hão de repicar
e na hora precisa da passagem
o arco-íris se abrirá..."

£una

Estrela do Mar

Ontem de tarde na praia
Tu me pediste uma estrela
Não uma estrela do céu
Mas uma estrela do mar
Eu mergulhei bem no fundo
E trouxe pra te encantar
A mais linda estrela viva
que consegui encontrar...

£una

O sótão

eu já morei num sótão
eu, um coelho e um beija-flor.
Era incrível abrir a janela de manhã
e encontrar plumas de passarinho
mariposas...restos de ninho
asas de borboletas
ou um pombo adormecido
num vaso de violetas.

£una

Faz de conta

A pascoa vem aí
mamãe com certeza vai me dar 
bonequinhas que falam e tomam banho.
Papai vai comprar um ovo
deeeeeeeeeste tamanho,
e eu vou ficar com uma baita dor de barriga!!!!
Mas eu queria outras coisas,
queria uma varinha de condão
igual da fada madrinha;
ou ficar pequenininha como a Laura Jane
e entrar no castelo das bonecas
para brincar de casinha.
Queria amigos secretos, pois os de verdade
são muito chatos e rabugentos.
Também queria uma bolsa igual à da Juliana,
uma bolsa sem fundo,
onde coubessem todos os sonhos do mundo!!!
Já sei o que vão vão dizer....mas que menina mais tonta!

Fazer o que?
Prefiro mesmo o Mundo de Faz de Conta...

Mariza Alencastro

A bolsa de Juliana


Juliana tem uma bolsa de prata
sem fundo
cabe tudo na bolsa de Juliana
caracóis, cogumelos, violetas,
raios de luar
asas de borboleta
e plumas de passarinho
que ela encontra pelo caminho
Na bolsa de prata de Juliana
há dois corações de anjo
e três suspiros de fada.

£UNA

Passagem para as nuvens

Comprei uma passagem para as nuvens
com direito a duas asas prateadas
e um vestido dourado de cetim
meu voo é amanhã ao por do sol
minha bagagem são mudas do jardim.

£UNA

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vem comigo olhar a lua

Tela de Dianne Leonard
Há uma lua lá fora, cheia, cheia
 pios  de coruja e grilos na areia
 uma fogueira nos espera na montanha
vem comigo olhar a lua
dançar ao redor do fogo
caçar  vagalumes ao relento
e ouvir a voz noturna do vento...
£una

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O vento e a areia


Na praia deserta e fria 
o vento ondula e alisa a areia
tráz do mar a agua salgada
e molha seus flancos ressequidos.
Depois se deita sobre seu corpo umido
rendilhado de espumas
e a ama
profundamente
como um amante cheio de segredos.....

Mariza Alencastro

A menina na praia

Eu era aquela menina que ficou na praia
os olhos perdidos como algas verdes
um baldinho e um punhado de espuma
pra construir seu castelo de areia..
£una

Não é lá fora

Tela de Michael Garmash

 Não é lá fora que está o nosso destino
é dentro de nós, onde quer que estejamos.
e as ilusões que perdemos pelo caminho
não voltam jamais...

£una

Tua imagem



Na mágica beleza desse instante
Imensamente clara e cheia...a lua
Vem passear a sua plenitude
Ao redor da perfeita imagem tua....

£una

Catando conchas do mar.

Tela de Dianne Leonard
Andar descalça na areia
pisando estrelas do mar
colher flores na campina
de onde vejo a lua cheia
navegando pelo ar...

Recompor as minhas asas
como gaivota perdida
num ninho de andorinha
que em plena brisa marinha
perdeu o dom de voar...

Andar descalça na areia
na tarde branda e serena
catando conchas do mar...

Mariza Alencastro

Devaneios


Vesti meu sorriso mais bonito
e prendi o cabelo com duas estrelas...

Não era hora de devaneios nem delírios
mas o vento me chamava com promessas 
de rendas e luares
sobre a areia molhada da chuva.

O silêncio das eras bailava nas folhagens
densas das palmeiras...e o ar da noite
seguia seu tépido esvoaçar de dedos azuis.

Terno era o murmúrio das ondas
entrecortadas pelo alvoroço das gaivotas.
E doce... muito doce ...era viver assim,
suspensa entre as estrelas e o profundo azul do mar...

Mariza Alencastro

Um certo olhar

Tela de Andrei Markin
um certo olhar existe
um quê de sedução na
pupila asustada onde a luz
teme se envolver.
O brusco movimento da gazela
na hora do tiro.
O medo.
O espanto atravessado
de espessas neblinas.
nas areias.
E o olhar se furta,
se comove, se esvanece
na sombra a se mover
o rio acima

apenas um olhar...

£una

Quando a magia terminar

Tela de Galina Kazakova
Quando a magia desse amor que temos
Se gastar, e o sonho arrefecido se perder
Na voraz indiferença dos instantes
Sem lágrima, sem dor, sem esperança,
Voltaremos talvez ao ninho antigo
E esse amor ficará só na lembrança.

£una

Manhã clara

a manhã clara despertando na montanha
com seus cabelos luzidios e molhados de orvalho
se estende ao sol que lhe doura os fios de seda
das ultimas neblinas espargidas no horizonte
É esta manhã clara de uma primavera que ainda dorme
no seio frio da terra a espera do tempo que a florescerá.

Mariza Alencastro

Que o mar me leve

Deixarei que o mar me leve docemente
E entrarei pelas ondas a cavalgar a espuma
Sob o olhar de uma lua indiferente.

£una

Silencio

Tela de Andrei Markin
Livra -me desses pássaros
que circulam no meu pensamento
e não te rias da minha loucura
quero esquecer tua face de argila
antes que a neve derreta nos píncaros
da minha solidão,e o meu rio se extravie
pelas montanhas inertes.
Não te rias, não me deixes na noite escura
onde os ventos passam cortantes como 
facas amoladas na pedra.
Ouve o bramido das searas e das velhas 
catacumbas soterradas...
ouve os meus ais
ouve a minha voz que vem de longe
de muito longe
de um silêncio onde o amor não mora mais.

Mariza Alencastro