Madrigal

"Para os amantes do puro néctar da existência,
que são as palavras, melodias, a oração que eleva o espírito."
Marcos Pedini
que são as palavras, melodias, a oração que eleva o espírito."
Marcos Pedini
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Dia blue
Dia blue
dia bruma
dia névoa
dia frio
agua nas pedras
agua pingando
vidraça molhada
dia ruim
dia sem nada
dia blue
céu sem estrela
negro
riscado
de raios
e fios
da madrugada//
.............£una
Inebrie-se
Inebrie-se, inebrie-se, a vida é bela e curta
no campo os verdes estão se iluminando
tomando formas , cores imprevistas
dos tons de ocre, terra amortalhada...
Nos bosques as clareiras rodopiam de sons
das cítaras dos elfos e das fadas.
Inebrie-se!
Sorve este ar de outono alvissareiro e lúdico
até que a tua alma cândida se entregue
embriagada e delirante aos pés da amada
clamando ao mundo, aos céus, a toda esfera,
que o amor é uma fonte onde se bebe a vida
e o ardor da juventude é uma quimera !!!!...
Mariza Alencastro
(£una)
Manhãs sem sol
Tela de Alexandre Averin
essas manhãs que chegam
imaculadas e incertas
sem horas certas
chegam na curva da montanha
e sem espiar o espelho dos lagos
se derramam nas encostas
incautas e brancas,
com luzes mansas brilhando
no branco dos olhos
e nos cilios negros da noite
que as fez meninas!!!
manhãs pequeninas
que ainda há pouco dormitavam
no horizonte,
todo o campo as espera
para o beijo matinal
da primavera...
Mariza Alencastro
(£una)
Rito
Tela de Mary Cassat
Na voragem da lembrança
havia um rito de passagem:
quando a gente deixava
de ser criança...
£una
Afogando estrelas
Tela de Daniel F.Gerhartz
vamos à praia catar as conchas
que o mar indolente jogou na areia...
vamos à mata
caçar borboletas
com a rede que usamos
pra aprisionar
todos os os sonhos soltos no ar!!!
vamos ao mar
enfrentar as ondas,
brincar de espuma,
fingir de sereia
e afogar as estrelas,
que encantadas
vieram nadar...
mariza alencastro
(£una)
Estranhas manhãs
Tela de Daniel F.Gerhartz
Andam estranhas as manhãs
as crianças sumiram da calçada,
sumiu do pasto a boiada
e o céu se pintou de escuridão
Onde se escondeu a passarada?
onde as nuvens floquinhos de algodão,
e as bolhas de sabão?
Andam estranhas as manhãs
sem o perfume das hortelãs,
das rosas, das acácias, do alecrim...
das matas verdejantes, do imponente
cantar do galo branco ao sol nascente !!!
£una
Amor incerto
Tela de Christa Kieffer
Amor incerto
esse nosso amor incerto
podia ter dado certo
se eu não fosse tão carente
e vc tão displicente
se eu fosse um tango argentino
e voce um violino
tocando sempre em surdina
cada dia numa esquina...
£una
sábado, 27 de novembro de 2010
Paz no jardim
Tela de Daniel F.Gerhartz
Paz no jardim
dei de beber às lindas borboletas
chá de jasmim, água de cheiro
ficou uma algazarra no jardim
e até os passarinhos
vieram a mim
dei-lhes também um pouco de afeição
grãozinhos dourados
e folhas de alecrim.
Está tudo em paz no meu coração.
£una
Infância II
Tela de Daniel F.Gerhartz
Infância
era quando a gente tinha medo do escuro
e abria a janela pra entrar o luar
mas debaixo da cama ninguém se atrevia
pois ali um monstro dormia
então a gente ficava quietinha
e esperava o dia raiar
a escuridão se dissipar
pra dormir até meio dia!!!
£UNA
Teu riso
Tela de Johanna Harmon
teu riso é uma cascata
borbulhante
no meio da floresta
é água fresca, é brisa leve
é um sopro de mar
em noites de verão
breve...breve...
£una
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Setembro
Setembro
Nas doces manhãs de setembro
eu quero voar nas asas do vento
do pensamento,
subir colinas
molhar as asas no riacho
colher boninas
e tangerinas
me misturar no azul do céu
lá onde as nuvens descansam
e as estrelas dormem de dia...
£una
Lavei meus sonhos
lavei meus sonhos todos na espuma do mar
e os pus a secar na areia. Ali estão
como um colar de estrelas reluzindo !!.
Lavei-os todos numa tarde fria de agôsto
quando a praia fica deserta,
e o vento passa zunindo.
Queria enterra-los sob a fronde das arvores,
fundo bem fundo,
que bicho algum os desenterraria,
Mas senti tanta pena dos meus sonhos bobos
e pena de mim que os sonhei um dia...
£una
Teus olhos castanhos
Tela de Johanna Harmon
TEUS OLHOS CASTANHOS
Quando a noite desce nos teus olhos castanhos
vagarosamente,
e as negras pestanas se fecham
como escuras venezianas
sôbre a rútila pupila...
Quando prendes no teu, o meu olhar vagante
e invades minha alma
e devassas meu ser,
sei então amor meu, nessa hora eu sei
o quanto tu me amas....
£una( Mariza Alencastro)
A vida passando
Tela de Danielle Richard
quando vieres traz AQUELE teu abraço
que cheira a terra molhada
e capim limão.
Me tráz também um punhado de flores
de flores do campo, de margaridas,
e estrelas azuis nos teus olhos
castanhos.
Tráz tua boca serena de orvalho
que eu ´quero matar minha sede
sentar ao teu lado
na beira da estrada,
comer carambolas, catar joaninhas
olhar a boiada levantando a poeira
e espalhando o cascalho.
é tudo o que quero,.
deixar a vida passar e mais nada...
£una
Finados verões
Meus dias de verão se foram
se esconderam no vão
da escadaria
e ali ficaram
com certeza à espera
da primavera
que viria..
mas o outono chegou
e as folhas mortas
esvoaçando em torvelinho
criaram musgo
nos degraus da escada
e no caminho
que se cobriu de ocres
e vermelhos,
espantando os verões
da escadaria...
£una
Para onde ?
Pra onde vou?
não sei
e por que as pessoas precisam saber
para onde vão?
eu vou pra qualquer lugar
vou por aí,
onde quer que haja uma flor,
uma estrela,
um pedaço de nuvem..
onde quer que haja alguém
que saiba ler dentro de mim
que não saiba de onde vim
nem me faça perguntas...
para onde vou?
vou pra qqr lugar
onde haja sorrisos
e lagos serenos
campos de alfazema
beiras de narcisos...
se queres vir comigo
só te peço silêncio
não espante as borboletas do caminho
e não perguntes nunca
para onde estou indo...
£una
Nossas distâncias
Tela de Daniel F.Gerhartz
Quero os teus beijos brandos de luar
esquecidos em algum recanto da areia;
teus suspiros de espuma e caricias de vento
a soprar sobre as folhas do salgueiro.
Quero de novo aquela alegria
de nuvens a dançar num céu de cintilâncias.
Quero teu riso, amor, o teu abraço
a encurtar de vez nossas distâncias...
£una
Estrela do Mar
Ontem de tarde na praia
Tu me pediste uma estrela
Não uma estrela do céu
Mas uma estrela do mar
Eu mergulhei bem no fundo
E trouxe pra te encantar
A mais linda estrela viva
que consegui encontrar...
£una
Brevidade da vida
Tela de John Collier
hão de passar por mim todos os sonhos
os desejos, lembranças... os espelhos partidos
poentes esquecidos atrás dos pessegueiros
o cheiro do orvalho , o estalar da relva, o mormaço
os beijos perdidos
háo de passar os sinos das aldeias
nos dias de verão, nas tardes invernais
o frio há de passar, a juventude, a chuva ,a solidão
e tudo que já foi...não será mais...
£UNA
Laranjais
A tarde era de verão
E o perfume das laranjas enchia o ar.
As meninas mais velhas chegavam primeiro
A saia arrebanhada com os frutos colhidos
Abelhas zumbindo
O pique esconde nos laranjais
A faquinha amolada pra ver quem cortava
Mais perfeitinho
As espirais douradas da casca das laranjas.
£una
Pescaria
esta noite vou pescar
eu e o meu samburá
minha rede e meu anzol
levo tbm dois amigos
um esquilo e um caracol
quero estrelas procurar
no mar
alguns cavalos marinhos
e umas gotas de luar....
£una
Gosto de gente assim
Gosto de gente atrapalhada,
distraída, cabeça de vento
que esquece tudo,
mala... dinheiro... documento.
Gosto de gente sabida,
que curte a vida
não só na alegria
mas em todo momento
um dia de chuva
um dia de cão
tudo faz parte
do coração
£una
Maresia
era uma noite calma
era uma noite bela.
No céu navegava
um barco a vela,
ou era uma meia lua
pálida e nua???
Vagalumes cruzavam
e esvoaçavam,
entre estrelas luzentes
e espantadas,
que piscavam...piscavam
madrugadas...
o silêncio trazido pelo vento
tinha cheiro de alga e maresia
era uma noite calma,
era uma noite fria,
uma noite de pura fantasia...
£una
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Melancolia
saudade deve ser essa melancolia
que invade minhas tardes
sonolentas e frias,
abrindo rasgões no tecido.
da memória.
Os bem-te-vis na clarabóia
do sobradinho da infância,
o ipê amarelo cintilando na calçada.
Vejo o muro
onde placidamente se deitava a lua
e o gatos vadios vinham fazer serenata
No rádio da cozinha, bem baixinho
A doce voz de Sinatra...
£una
Não pergunte nada
Não pergunte ao pó da estrada por que se grudou
nos teus cabelos
e na sola dos teus sapatos rôtos e tortos.
Não pergunte à agua da fonte de onde vem seu frescor
nem às ondas do mar porque batem na areia
se voltam para o mar...
Não pergunte ao sol por que queima teu rosto
ou faz dourar os trigais pelas campinas.
Não pergunte àa estrelas por que brilham, à lua que clareia,
Aos pássaros que cantam, ao fogo que incendeia...
Não pergunte... não pergunte nada.
£una
Nevoeiro
Tela de Sergey Marshennikov
NEVOEIRO
Hoje tua ausencia desceu sobre os telhados
como um nevoeiro fora da estação
denso e perturbador.
A mata se fechou nos seus queixumes
e pássaro algum ousou atravessar
a minha agonia silenciosa.
Nem a lua ociosa cintilou sobre os outeiros.
Ao longe, apenas o vento vem me contar que choras
que choras como eu, nossos sonhos esfacelados..
perdidos entre as estrelas e a as areias....
£una
Janela sobre o mar
A cavaleiro sobre o mar, minha janela
passa os dias ouvindo o marulhar das ondas
e o grito das gaivotas despencando
dos rochedos...
Abre-se toda minha janela ao som do vento
e aos raios do sol que incendeiam as vidraças,
dourando o mármore branco da sacada...
Minha janela tem histórias a contar,
Do farol ao longe na ilha deserta,
de barcos e navios naufragados
e fantasmas que vagueiam pelo mar...
£una
O dia de hoje
Doce de carambola,
suco de tamarindo
um raminho de alecrim.
flores do campo se abrindo
e um vaso de beijo na janela
que você deixou pra mim...
£una
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Anjinho
Anjo
eram leves suas asas
plumas de passarinho
recém saido do ninho
mas os olhos de safira
e o cabelinho ouro-mel
não deixava haver engano
era um anjo que caíra
agora mesmo do céu...
£una
Imprevisivel
Tela de Johanna Harmon
Imprevisível
Quero ser fogo que queima,
chama que arde,
alguém que ninguém sabe
onde encontrar
às 3 da tarde...
£una
Horas Mágicas
HORAS MÁGICAS
Quando a noite vem caindo assim,
de mansinho sobre os arvoredos,
e a passarada em bandos se entrecruza
no alaranjado do poente...
quando as cigarras estridentes
se poem a cantar seu ultimo suspiro,
e o sino da igreja reverbera ao longe pelos montes...
nessas horas, amor, nessas horas de sonho
me sinto flutuar pelo infinito,
como num barco repuxado por anjos
vagando iluminada pela eternidade!!!
£una
Não sei...
Tela de Johanna Harmon
NÃO SEI...
não sei precisar no tempo
qual o momento exato
em que nos perdemos,
em que saistes de mansinho
deixando um rastro rubro de saudade.
Um fio encrespado na areia
que a espuma apagou,
e com ela levou
minha serenidade...
£una
Outono
OUTONO
Folhas secas, folhas mortas
entrando pela janela
vento batendo nas portas
cheiro de cravo e canela
um canteiro de alecrim
flores murchas no jardim...
névoa de outono pairando
na teia que a aranha tece
sinos da igreja tocando
na paisagem que amanhece....
.
£una
RETRATO DE MÃE
Tela de Emile Vernon
Retrato de Mãe
Minha mãe era assim
toda bonita....toda perfeita
escrevia versos, lia Platão,
tocava piano, e servia licor
aos ilustres convidados
que valsavam no salão...
£una
SONHO
Tela de Johanna Harmon
És o meu sonho lindo ...madrugada
De luzes...sobre a relva macia
Onde ficou adormecido o teu sorriso.
És a minha esperança inacabada
O esplendor do silencio , a alquimia
Toda a visão fugaz do paraíso.
£una
Trovinha
Foram teus olhos que disseram sim
foi tua boca que me disse não
mas teu abraço bem apertadinho
junto do meu deixou...teu coração
£una
Minha casa
Minha casa
quero uma casa sem portas
e sem janelas
para sentir o vento
entrando devagar
o vento que vem do mar
pensando bem....sem telhado também
para sentir a chuva no meu rosto
e ver as estrelas à noite quando tento dormir
quero uma casa cheia de vagalumes
grilos cantando na lareira
e roseiras florindo do lado de dentro
quero uma casa de viver
não um lugar só pra morar
£UNA
Fim de tarde
Suave e cálido o fim da tarde
se enche de pardais
sobre as amendoeiras da rua
uma chama ainda arde
ultimo raio de sol
na tua pele nua
£una
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Teu riso
teu riso é uma cascata
borbulhante
no meio da floresta
é água fresca, é brisa leve
é um sopro de mar
em noites de verão
breve...breve...
£una
Brisa leve
Tela de Daniel F.Gerartz
Não quero a agitação
dos dias quentes de verão
prefiro a calmaria
e a brisa leve
de uma tarde fria...
£una
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